segunda-feira, 30 de novembro de 2009




Síndrome de Reiter associada à infecção por Cryptosporidium: relato de caso

RESUMO
Descreve o caso de uma criança de cinco anos de idade com síndrome de Reiter associada à gastroenterite por Cryptosporidium. Recentemente, alguns casos têm sido relatados sobre artrite reativa e síndrome de Reiter devido ao Cryptosporidium. Criptosporidiose não é infreqüente e oocistos de Cryptosporidium devem ser pesquisados quando a doença diarréica for complicada por artrite.
Descritores: Doença de Reiter. Gastroenterite, complicações. Cryptosporidium. Criptosporidiose. Artrite Infecciosa.

Introdução
Em 1818, na Inglaterra, foi descrita pela primeira vez, por Sir Benjamin Brodie, a tríade uretrite, conjuntivite e artrite1. A relação entre síndrome de Reiter e diarréia foi descrita em um caso índice relatado por Hans Reiter em 1916, de um jovem soldado que apresentou episódios de diarréia e subseqüentemente desenvolveu a tríade2.
Atualmente, a síndrome de Reiter é uma reação pós infecciosa que se apresenta como artropatia com um dos seguintes sintomas: uretrite, cervicite, disenteria, conjuntivite ou manifestação mucocutânea. Estes podem ocorrer em qualquer associação, e não necessariamente concomitante à artrite2, 3.
A síndrome de Reiter na maioria das crianças é precedida por doença diarréica. Os organismos mais comumente associados são Yersinia, Salmonella, Shigella e Campylobacter. Recentemente o Cryptosporidium foi identificado e descrito em quatro crianças imunocompetentes com artrite reativa3.
O presente trabalho descreve o caso de um paciente do sexo masculino, de cinco anos de idade, apresentando síndrome de Reiter associada à gastroenterite por Cryptosporidium.

A síndrome de Reiter ocorre com maior freqüência no sexo masculino. Nas crianças, esta síndrome caracteriza-se pelo comprometimento de articulações periféricas; com caráter migratório ou aditivo, sendo erroneamente diagnosticada como febre reumática9.
As manifestações clínicas da doença podem ocorrer simultaneamente ou evolutivamente. Sabe-se atualmente que estes sinais e sintomas podem não ocorrer simultaneamente. Rosemberg e Petty, em 1979, descreveram um caso de um paciente com a tríade da síndrome de Reiter, que 18 meses antes havia manifestado a síndrome incompleta10.
O paciente descrito neste artigo apresentou: oligoartrite, conjuntivite não supurativa e alterações mucocutâneas após quadro diarréico. Seis meses após, evoluiu com diarréia seguida por conjuntivite não purulenta bilateral, uretrite, entesite e artrite simétrica em tornozelos.
A artrite da síndrome de Reiter é habitualmente oligoarticular, com envolvimento de tornozelos e/ou joelhos. A entesite mais freqüente é na inserção do tendão de Aquiles no calcâneo9.
Das manifestações gênito-urinárias associadas à síndrome de Reiter, disúria com hiperemia de uretra são o sintoma e o sinal mais freqüentes. A piúria é o achado mais comum nas análises laboratoriais de urina10. O diagnóstico de uretrite pode ser difícil, particularmente em crianças pré-escolares com poucas queixas; portanto, no exame de uma criança com artrite aguda, a hiperemia do meato urinário deverá ser sistematicamente procurada.
A ceratodermia blenorrágica é a dermatose mais comumente associada à síndrome de Reiter, podendo ocorrer exantemas maculopapulares ou psoriáticos2,3,9.
O antígeno HLA-B27 parece estar fortemente associado com a síndrome de Reiter em crianças, com freqüência em torno de 67%1,10-13 .
Alguns microorganismos já foram identificados como desencadeantes da síndrome de Reiter. Os mais comuns são: Chlamydia, Mycoplasma, Yersinia, Campylobacter, Salmonella e Shigella


Ruthe



 

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