domingo, 6 de dezembro de 2009

Uranálise



A uranálise ou urinálise é a análise da urina com fins de diagnóstico ou prognóstico de estados fisilógicos ou patológicos. Consiste em uma subespecialidade da Patologia clínica. A análise da urina é um dos métodos mais comuns de diagnóstico médico. Já no tempo de Galeno (século II DC) se praticava a uroscopia, que consistia na prática de se examinar a urina de um paciente em busca de sinais diagnósticos. A urina é um material de coleta simples, não invasiva e indolor, e seu exame fornece importantes informações tanto do sistema urinário como do metabolismo e de outras partes do corpo. O laboratório moderno dispõe de modernos instrumentos e metodologias, capazes de diagnósticos complexos de estados fisiológicos e patológicos através da urinálise, desde o diagnóstico da gravidez até o diagnóstico e acompanhamento de doenças urológicas e sistêmicas. Dentre os exames mais comuns realizados na urina estão[1][2]:
• Exame de rotina de urina, também designado urinálise, uranálise, EAS.
• Bacterioscopia e Urocultura.
• Teste de gravidez na urina.
• Clearence de Creatinina ou Depuração de creatinina.
• Dosagem do Ácido Vanilmandélico (VMA).
• Triagem para doenças metabólicas herdadas.
• Dosagens bioquímicas como: sódio, potássio, glicose, proteínas, microalbuminúria, cálcio, fósforo etc.
• Toxicologia e análise forense.

Análise Clínica
Para a análise clínica da urina, é extremamente importante garantir coleta adequada e conservação. Cada exame realizado na urina requer uma série de cuidados especiais, devendo sempre ser seguidas as orientações do laboratório.
Exame de Rotina da Urina
O exame mais comumente realizado na urina é denominado Exame de Rotina da Urina, também conhecido como EAS. Para a realização do EAS é necessária a coleta de urina de jato médio, efetuada após rigorosa higiene dos genitais. A urina de jato médio é colhida desprezando-se a parte inicial da micção, preenchendo-se o coletor e desprezando-se o restante. Esse procedimento visa a eliminar resíduos e bactérias eventualmente presentes na urina. Coletores esterelizados de boca larga devem sr utilizados, estando disponíveis em farmácias e laboratórios clínicos. O ideal é a coleta da primeira urina da manhã, por ser a mais concentrada.

A urina pode ser coletada também por sondagem uretral ou punção suprapúbica, em casos especiais. Colhida desta maneira, a urina do paciente normal é um líquido estéril.
O EAS é um exame complexo, constituindo-se de pelo dos seguintes procedimentos[2]:
1. Avaliação da cor (normalmente amarela ou amarela clara) e do aspecto (límpido ou turvo) são determinados por observação direta; neste mesmo momento, pode-se atentar e registrar eventuais odores anormais.
1. A hematúria confere à urina uma cor de laranja a vermelha, podendo estar presentes rajas de sangue.
2. Medicamentos podem conferir à urina tons diversos, como verde ou laranja escuro; outros estados patológicos podem resultar em alteração da cor da urina pela presença de pigmentos, sangue ou resíduos do metabolismo.
3. A presença de bactérias ou elementos celulares (produzidos por descamação a partir de várias partes do sistema urinário) em quantidade anormal pode resultar em um aspecto turvo.
4. Alguns medicamentos, como a Penicilina, produzem odor característico;
5. Na infecção do trato urinário, a urina pode apresentar um odor desagradável.
2. Análise bioquímica da urina através de tiras reagentes. Existem diversa marcas de tiras reagentes para urinálise, que consistem em tiras de matéria plástica contendo diversos campos com reagentes químicos, que determinam a presença ou ausência de determinadas substâncias químicas na urina. Essas tiras são imersas na urina homogeneizada, aguarda-se um tempo de reação que varia em torno de 30 a 60 segundos, e a alteração de cada campo é comparada a uma escala visual. O procedimento pode também ser automatizado e é semi-quantitativo para algumas das substâncias. Entre os campos reagentes mais importantes estão os que determinam:
1. O pH, útil na avaliação de cristalúria e de distúrbios renais que cursam com incapacidade renal de secretar ou reabsorver ácidos ou bases. As tiras usuais avaliam o pH na faixa em torno de 5 a 9; amostras com pH superior a 9 são consideradas inadequadas à análise por má conservação.
2. A Densidade, a qual pode ser também checada por meio de um refratômetro é útil na avaliação da qualidade da amostra (urina muito diluída pelo excesso de ingestão de líquidos tem densidade próxima de 1.000, a densidade da água) e para avaliãção da capacidade do rim de concentrar a urina.
3. Proteínas, que na urina normal estão ausentes. Podem estar presentes em doenças renais, diabetes etc.
4. A glicose, também ausente na urina normal, e presente em pacientes diabéticos e casos de glicosúria renal. A glicosúria deve ser quantificada por análise bioquímica.
5. Cetonas, ou Corpos Cetônicos, comumente presentes em pacientes diabéticos ou após jejum prolongado. são produzidos no metabolismo dos lipídeos, incluindo: acetona, ácido acetoacético e ácido beta-hidróxibutílico.
6. O sangue (Hemoglobina), ausente na urina normal e presente nas hemorragias de quaquer causa que atingem o sistema urinário (Infecções urinárias, cálculo renal etc). A detecção de hemoglobina através da tira reativa deve ser correlacionada com a análise do sedimento.
7. A bilirrubina, susbstância resultante do metabolismo da hemoglobina e que dá à urina coloração amarela. Sua presença em quantidade aumentada pode indicar hemólise ou hepatopatia. A Bilirrubinúria deve ser comprovada por testes químicos.
8. O urobilinogênio, o qual que em quantidade elevada deve ser confirmado por meio de reagentes químicos; pode indicar hepatopatia, distúrbios hemolíticos ou porfirinúria. Assim como a bilirrubina, resulta do metabolismo da hemoglobina.
9. O nitrito, normalmente ausente, é produzido por algumas espécies de bactérias eventualmente presentes em infecções do urinárias. Sua positividade é indicativa da presença de bactérias na urina, mas sua negativivdade não exclui a presença de outros tipos de bactérias.
10. A Esterase Leucocitária, enzima que indica a presença de leucócitos na urina. Essa análise deve ser correlacionada com a microscopia do sedimento urinário.
3. Análise microscópica do sedimento urinário[3]. Para esta, é necessária a centrifugação e concentração da urina em condições padronizadas. O sedimento concentrado é analisado à microscopia óptica, à procura de elementos anormais, que podem ser avaliados semi-quantitativamente ou quantitativamente (análise mais precisa). Podem estar presentes, entre outros elementos:
1. Leucócitos. A leucocitúria se correlaciona a processos inflamatórios e infecciosos do sistema urinário.
2. Hemácias devem ser avaliadas quanto à quantidade e morfologia (presença ou ausência dismorfismo eritrocitário).
3. Células epiteliais de vários tipos, oriundas da descamação a partir de diversos pontos do trato urinário. Sua morfologia é indicativa de seu local de origem. Sua presença em quantidade elevada é anormal.
4. Cristais.
5. Parasitas, como levedura
6. Infecção do trato urinário (Candida) ou protozoários (Trichomonas vaginalis).
7. Bactérias.
8. Cilindros. Formados na luz do túbulo contorcido distal e do duto coletor, têm como seu principal componente a proteína de Temm-Horsfall, proteína excretada pelas células tubulares renais. Há cilindros de diversos tipos, e podem conter inclusões celulares.
1. A presença de cilindros hialinos em pequena quantidade é normal, principalmente após o exercício físico.
2. Cilindros hematínicos contém hemácias e/ou hemoglobina.
3. Cilindros leucocitários contém leucócitos em seu interior e são indicativos de infecção ou inflamação no interior do néfron.
4. Cilindros epiteliais contém células epiteliais e são indicativos de lesão tubular renal.
5. Cilindros granulares são resultantes da degradação dos outros tipos de cilindro, podendo também conter bactérias.
6. Cilindros céreos representm um estágio avançado dos cilindros hialinos.
7. Cilindros adiposos são produzidos pela decomposição de cilindros de células epiteliais que contém corpos adiposos ovais. Essas células absorvem lipídeos que entram no túbulo através dos glomérulos. Esses cilindros podem ser identificados com precisão através da coloração pelo Sudan IV, que os cora em vermelho.
8. Cilindros largos moldam os túbulos contorcidos distais, e resultam da distorção da estrutura tubular. São muito maiores do que os outros e indicam prognóstico desfavorável.
4. Opcionalmente a análise do sedimento urinário pode ser feita mediante a adição de corantes.
5. Dosagem quantitativa em analisador bioquímico de algumas substâncias eventualmente encontradas, como proteínas e glicose.
Todo o procedimento, manual e/ou automatizado, deve ser submetido a procedimentos complexos de garantia de qualidade, correlacionando-se os resultados de uma etepa de análise com as demais e com as condições clínicas do paciente.


VANESSA KELLY

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